sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A selvagem lusofonia e a lembrança de tempos mais elegantes…

O dia à dia em uma micronação pode se mostrar mais arredio que a mais perigosa das selvas. Não é de hoje que o micronacionalismo lusófono se comporta como um tipo de horda bárbara, é gritante a confusão entre o debate, a disputa intelectual e ideológica e a mera grosseria, a mais lamentável falta de classe.

São monarcas jogando a Coroa ao chão e rompendo a dignidade do trono, apenas pela mera tentação a um “bate-bocas” sem propósito. São presidentes que simplesmente nada presidem além da própria vaidade, mas tudo bem, tentemos não ser tão apocalípticos, há também boa vontade, decência e respeito. Ainda há: aproveitemos!

A questão que move esta publicação, contudo, vai no sentido de que o micronacionalismo tem sido, no mais, reduzido a um tipo de clube no qual a essência da simulação, da formação de uma estrutura de Estado e de Nação tem sigo relegada à um segundo, ou até terceiro plano. Segue em destaque apenas a disputa pessoal, a luta pelo eu em total detrimento à luta pelo país.

Não se vê com entusiasmo, a estratégia, a diplomacia, a política e a vida civil e oficial que deveriam a priori estar no cerne da atividade micronacional. Ou tudo vira uma empresa júnior de direito, possuída por uma verborragia legal que beira à esquizofrenia, um mercado das pulgas, ou um simples “lamber de botas” de um para com o outro na tentativa da ascensão não pelo mérito, mas pela simpatia pessoal.

Enfim, desculpe caro leitor se não esbanja otimismo essa publicação, mas para crescer é fundamental, aliás, vital reconhecer quando uma prática não mais funciona. O micronacionalismo de língua portuguesa tem se perdido, a passos largos, na bravata, no personalismo e num comportamento até patológico que sugere esquecer o respeito ao próximo, a decência das ações e a honra pessoal e coletiva se tal abdicação reverberar em algum título, honraria ou vã forma de poder.

Talvez a lusofonia precise de um choque de realidade, para que se entenda que a selvageria que muitas vezes parece ter se apossado deste hobbie seja compreendida não mais como possessão, mas sobretudo como uma escolha equivocada que fizemos e que precisa ser revista. É fundamental a gentileza, é fundamental, a educação, é urgente que questões pessoais se resolvam nesse ambiente, pessoal, privado, sem o uso da Nação como centro à lavação da roupa suja.

O micronacionalismo precisa ser respeitado? Evidente que sim! Mas para tal é preciso que ele primeiro se dê ao respeito e se somos nós os seus constituintes, então é um respeito que temos de passar a ter, a estimular em nós e no seio de nossos países para que, talvez um dia, possamos voltar a ter aquele antigo brilho, aquele altivo orgulho em dizer que sim, sou um micronacionalista.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

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