quinta-feira, 23 de junho de 2016

O sucesso de uma micronação e a formação de um "Núcleo Duro"

O micronacionalismo não é um hobbie para todos. Se trata de uma atividade que exige um tipo de preparo mas, sobretudo, de disposição cada vez mais difícil de se encontrar. Esta é uma atividade para quem verdadeiramente se encanta com elementos da formação de uma microsociedade, que entende de fato o valor da política tal qual no antigo vocábulo grego, politikos.

São incontáveis os exemplos de micronações que não duraram um único mês ou daquelas que "aos trancos e barrancos" sobreviveram no máximo um ano e depois caíram no mais vazio esquecimento. O erro que pode ser comum a todas elas? Precipitação, uma brutal e irracional precipitação. A ilusão de que basta reunir um grupo de amigos próximos e está garantido o sucesso ad aeternum do projeto. Erro crasso!

Amigos próximos não são garantia de que sejam, também, entusiastas sinceros do micronacionalismo. É preciso perceber a prática micronacional como algo que seja capaz de congregar não só pessoas próximas ao seu fundador ou fundadores, no macromundo, mas que consiga encantar indivíduos sem qualquer ligação afetiva original com os "founding fathers".

Assim, conseguiria relacionar o sucesso de um projeto micronacional em função de dois elementos: o primeiro, a resiliência de quem o fundou, uma vez que enquanto existir a fé inconteste do líder no projeto, então este resistirá, e o segundo elemento na formação de um "núcleo duro", um conjunto de cidadãos extremamente leais ao projeto e que estarão ao lado da nação não importam quais desventuras ela tenha de enfrentar.

Veja, este "nucleo duro" não são necessariamente seus amigos próximos, com quem eventualmente cresceu, quase sempre não o são. Esse núcleo, são amigos construídos lentamente e de modo leal através da própria prática micronacional. São amigos e parceiros, pessoas que acreditam verdadeiramente no projeto e que construíram em si o sentimento que deveria permear a tudo neste hobbie, ou seja, o sentimento de microNACIONALISMO, de pertencimento real ao corpo de uma Nação.

Notem que tantos, por algumas migalhas como títulos ou alguma pretensa benesse, mudaram e mudam mais de Nação do que trocam as roupas do corpo.

Há que se ter lealdade, e isso não será fácil conseguir, nunca o foi, razão pela qual o primeiro elemento citado anteriormente é tão fundamental. É preciso ter paciência, é preciso entender que os grandes projetos micronacionais foram construídos por anos, pela insistência.

Entendam, aliás, que a atividade não é um discurso ao sabor do "somos os mais ativos". A atividade é uma prática, verificada empiricamente. Ela não pode ser uma teoria auto-laudatória, ela deve ser uma realidade. Somos ativos quando o somos de fato, simples assim, e para que tal aconteça é preciso ter com você pessoas que estejam, indubitavelmente, com você.

Se você, um líder micronacional, tem real convicção e crença em seu projeto e tem a seu lado aquele "nucleo duro", de amigos entusiastas, construído pelo amor que tomaram pelo projeto, então virá o primeiro mês, o primeiro ano, as primeiras crises e o país seguirá, firme por muitos anos. Micronacionalismo é um trabalho exigente e de paciência não é feito do dia para a noite e se você acha que é, então o meu conselho: procure outro hobbie.

Como diria meu professor de física, à época do Ensino Médio: "Se Deus que era Deus, levou seis dias para fazer o mundo, eu é que não vou apressar as coisas". :)

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina