terça-feira, 16 de novembro de 2010

8 anos de um sonoro sucesso: a lusofonia é possível!

O que são 8 anos no mundo macronacional? Para muitos um breve período. O que são 8 anos no mundo micronacional? Uma vida! Assim o Reino da Itália, primeira e única micronação italiófila na lusofonia chega a seu oitavo aniversário de fundação.

Oras, poderíamos dizer que há um equívoco, pois a micronação criada em 17 de Novembro de 2002, foi o Reino Unido da Sicília. Porém, não há equívoco nenhum, ao trabalharmos com a idéia de que aquele era apenas o primeiro passo de uma longa caminhada cuja glória é celebrada nesta importante data micronacional lusófona. O Reino da Itália é o exemplo claro e vivo de que o micronacionalismo não tolera o momentâneo, de que este fantástico hobbie requer projetos sérios e de longo prazo, pensados de maneira cuidadosa e profissional. Mais do que o aniversário de uma micronação, é isto que podemos comemorar no 17 de Novembro: o êxito pleno de um projeto micronacional.

Tanto se fala em crise que por vezes acabamos por acreditar ser ela real, afinal, uma mentira dita muitas vezes se torna uma verdade. Porém não há crise, há comodismo, há descrença, há irracionalidade. Nenhuma micronação pode prosperar se seus governantes ou povo nela não acreditam, nenhum país virtual pode se desenvolver se imperar a letargia e desinteresse ou mesmo aquelas vis discussões que levam ao buraco negro do esquecimento e da destruição. O modelo micronacional italiano, contudo, aponta em outra direção, a de que a lusofonia é sim possível.

Sim, este é um texto micro-italiófilo, tanto que é publicado no dia em que se comemora o aniversário do Reino da Itália micronacional, porém, não se trata de mero ufanismo, longe disso, mas de lançar uma chama de viva esperança a todos aqueles que se sentem sem direção na lusofonia, daquelas nações que parecem amargar uma eterna agonia. Acreditem, nosso micronacionalismo é tão viável quanto real, eis o que prova o a micronação italiana hoje.

Acreditar, agir e planejar, três verbos que jamais devem abandonar a um projeto micronacional. Acreditar que a idéia é possível e de que há meios para realizá-la, mesmo que os desafios pareçam intransponíveis. Agir para inovar, lançar algo especial em sua nação, algo que leve não só aos seus, mas também a visitantes a concluírem de que sua Nação possui alma própria. Planejar cada passo, não se permitindo levar por paixões vãs, mas por convicções e projetos cuja firmeza representem o pétreo alicerce de seu projeto micronacional.

Assim, caro leitor, que estes 8 anos de sonoro sucesso do projeto italiano micronacional, celebrados nesse 17 de Novembro de 2010, não sejam apenas uma data microitaliana, mas um marco de que o micronacionalismo lusófono é possível, eis o que prova hoje, mais uma vez, o Reino da Itália.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Profissionalismo, sim! Excessos, jamais!

Considerando o grande número de micronacionalistas que, macronacionalmente, dedicam-se às atividades voltadas ao direito e a administração, parece ser uma marca eminentemente lusófona um inchaço no tocante a produção de leis e códigos administrativos. Tal fato, evidentemente, não está dissociado da busca pelo profissionalismo mas, ao contrário, profundamente ligado a ela. Porém, vale questionar até que ponto tais ações trabalham a favor da prática micronacional.

Não foram poucos os Estados micronacionais que, na ânsia de buscar o profissionalismo de suas ações, literalmente impuseram um tipo de burocracia característica do mundo macro ao micro. Terrível engano. Embora seja extremamente positiva a busca por uma maior profissionalização das práticas micronacionais, tirando-as enfim da adolescência pueril e levando-as a uma adulta consciência, não podemos esquecer que, embora possamos discutir a idéia de “simulação”, as dinâmicas micronacionais são bastante próprias, de modo que nem todas as regras do mundo macro se aplicam a um Estado Micronacional.

Nesse sentido, embora seja tentadora a produção de leis enormes versando sobre todos os pontos da vida oficial e civil, não podemos esquecer que tais “vidas” se realizam de modo bastante  próprio no ambiente micronacional. Não só pelo número infinitamente menor de súditos ou cidadãos de uma micronação em relação a uma macronação, mas também pelo ambiente digital elevar a velocidade das práticas sociais a algo de longe maior que no mundo macro, não podemos simplesmente realizar a transposição do Estado Macro ao Estado Micronacional.

Dessa forma, a busca pela profissionalização do hobbie, embora válida e, cremos, necessária, deve passar por uma consciente filtragem sobre o que podemos manter da realidade macro e o que, categoricamente, devemos excluir do mundo micronacional. É preciso o entendimento que a burocracia micronacional deve primar muito mais pelo pragmatismo que pelo prolixismo. De nada adianta uma lei de 100 artigos se a cidadania mal conhece o primeiro. Trata-se de desperdício criativo.

Assim, devemos observar o exercício da necessária burocracia estatal micronacional sob um novo olhar, marcadamente objetivo que faça dos textos legais e dos códigos administrativos elementos inteligentes, construídos de maneira imersa à realidade de uma micronação. Excessos não são bem vindos, a medida que, ao invés de favorecerem o Estado, funcionam como verdadeiras catracas, travando o desenvolvimento do Estado e da Nação levando, em casos extremos e não raros, ao fim de um país. Vale a regra de ouro que, no final das contas “menos é mais”.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Famílias Peregrina.

FOLHA PEREGRINA – HÁ UM ANO DISCUTINDO O MICRONACIONALISMO

terça-feira, 27 de abril de 2010

A qualquer custo, não!

Um dos grandes desafios do micronacionalismo hoje é a renovação no quadro de micronacionalistas. Os novos apelos são fortes: jogos, redes de relacionamento, eRepublic, etc. Da mesma forma se nosso hobbie requer membros cujo perfil se interesse por política, estratégia e diplomacia, passamos pelo desafio de buscar tais interesses nos novos. É fato, porém, que receber um novo membro é, de longe, muito mais simples do que realmente transformá-lo num micronacionalista.

Bem, partindo dessa dificuldade, tem sido um costume receber entre as nações aqueles “antigos” micronacionalistas, na esperança de que estes façam a diferença. Mesmo a Itália participou diretamente desta empresa. Enfim, parece obviamente mais simples receber alguém pronto do que formá-lo do zero. Ledo engano.

É fato que a experiência dos antigos é vital, afinal, eles deveriam ser os primeiros na formação de novos quadros micronacionais, contribuindo com sua vivência na formação dos jovens micronacionalistas. Porém, no desespero por alavancar a atividade interna, é comum as nações prometerem mundos e fundos para que novos juntem-se a seu conjunto de súditos ou cidadãos. Está aí um erro que pode ser fatal.

Uma nação não é um súdito ou cidadão em especial, mas o conjunto deles, os quais trabalham em sintonia com seu Chefe de Estado. Portanto, não deveríamos eleger “salvadores da pátria” mas sim integrar os “antigos” da mesma forma que os novos, sem privilégios, mas com deveres inerentes a real lealdade deles para com a nova pátria micronacional. Sempre é útil insistir: “lealdade não é um produto, para ser comprado, tampouco vendido”. Se alguém se oferece em troca de títulos ou vantagens, simplesmente exclua essa pessoa de seus contatos. Ela não trabalhará como você espera e, na menor insatisfação, o abandonará.

Não precisamos buscar crescimento a qualquer custo, não, devemos sim promovê-lo através de políticas sérias de formação. Aproveitar melhor a experiência de nossos “antigos” na formação dos novos quadros micronacionais. E que não se permitam enganar achando que o resultado dessa política é rápido e certo: não é! É preciso paciência, esta, aliás, uma das virtudes fundamentais a prática micronacional.

Se as nações da lusofonia voltarem ao eixo, abandonando o desespero e desistindo daquela filosofia do “salve-se quem puder”, abraçando serpentes como se fossem bóias salvadoras, promoveremos nosso Renascimento Micronacional. É preciso evoluir, e não só com relação ao aspecto técnico, mas especialmente no viés do comportamento.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

quinta-feira, 4 de março de 2010

Listas de E-mail vs WEB Fóruns: uma indefinição microlusófona

Diz o ditado popular: "Quem vive de passado, é museu!". Bem, seja como for, o passado obviamente nos é importante, ele nos diz, afinal, sobre o que a espécie humana tem feito neste mundo desde que dela se tem notícia. Como professor de história, macronacionalmente, jamais diria que o passado não é fundamental, que não é, pois, um elemento constitutivo das relações sociais do presente. Entretanto no micronacionalismo, há que se pensar até onde devemos enaltecer o passado e quando precisamos olhar o futuro.

O micronacionalismo é exercido de formas bastante diferentes, na lusofonia e em todos os demais grupos linguísticos, de modo que afirmar que só há uma forma possível em seu exercício é má fé ou desconhecimento de causa. Enfim, partindo do pressuposto que não há uma singularidade, mas antes um pluralismo de idéias e possibilidades na prática micronacional, também podemos discutir por que ainda algumas formas de comunicação, por exemplo, permanecem estanques, a despeito da tecnologia que se reinventa a cada dia.

Assim, e pensando justamente no tocante às tecnologias de comunicação no micronacionalismo lusófono, creio que vale a discussão sobre o ainda amplo uso das famosas listas de e-mail.

Se observarmos o que acontece em outros grupos linguísticos, por exemplo, veremos que lá a idéia parece ultrapassada, a medida que são os WEB Foruns a grande estrela. Um exemplo clássico desse caso, e que conheço, é o da italofonia, a qual se dá também via foruns, e não mais através de e-mails. Enfim, estamos nós na contramão? Perdemos, será, o bonde da história? Difícil dizer, afinal, como já comentei, não há apenas um micronacionalismo.

Seja como for, não escondo que este texto defende a substituição das listas de e-mail por web forum próprio, das nações. Assim, permitam-me que use como exemplo dessa experiência a micronação a qual pertenço, o Reino da Itália.

A micronação italiana tem usado apenas e tão somente WEB Fórum em suas comunicações desde março de 2006, portanto há exatos quatro anos. Não foi simples a migração, é verdade. Naquela ocasião a maioria dos súditos italianos eram já micronacionalistas acostumados a listas, cuja adaptação se tornou um desafio a Coroa. No princípio a queda no número de mensagens foi notória e brusca, assustando, sem sombra de dúvidas, num primeiro momento.

Passada a fase de adaptação, ainda no antigo portal italiano, o Sicilia IV, foi a hora de dar o passo adiante, com um sistema mais sofisticado, que possibilitasse ainda maior interação, foi quando veio o Sicilia V, atual portal Italiano. Pelo novo sistema a migração estava completa, oferecendo uma plataforma com WEB Forum, WEB Chat, Mensagens Privadas e Rede de Perfis. Hoje só há uma lista na Itália, na qual não há qualquer discussão, ela é apenas um repositório de atos de governo, enfim, um tipo de biblioteca, nada mais. Trata-se da Trinacria.

Hoje a Itália é uma micronação de micronacionalistas que nasceram italianos, de modo que a adaptação tem sido ainda mais simples. Como disse anteriormente, ao implantar o WEB Forum, o número de mensagens caiu, bastante. Porém, hoje a decisão tem se mostrado acertada, a medida que o sistema nos trouxe resultados bastante positivos. Vejamos alguns.

Se numa micronação cada setor tem de ter sua lista, num web forum isso é desnecessário, bastando criar sub-foruns e definir seus níveis de acesso. Tudo é central. Da mesma forma, observa-se claramente que a redução do número de mensagens deu espaço a uma abrupta elevação qualitativa das que são enviadas. Pouco do que se envia, na Itália, não está devidamente contextualizado a alguma discussão maior. Responder a um e-mail é algo quase instantâneo, o que estimula off-topics e aquela explosão de mensagens que poderiam ser enviadas apenas a uma pessoa, mas que todos acabam sendo obrigados a receber.

A Itália, por exemplo, vive uma situação bastante interessante há mais de um ano: uma estabilidade praticamente inquebrantável de sua atividade. Mês a mês o número de mensagens tem sido em torno de 450, com oscilações praticamente irrelevantes, para mais e para menos. Não há picos nem quedas, mas um contínuo que por sua vez é acompanhado por um amadurecimento no conteúdo do que é enviado. Efeito do WEB Fórum? Não tenho razões para crer que não.

Enfim, se a lusofonia vem patinando há alguns anos, seguramente não é por usar ou não web foruns, isso seria absurdo afirmar, porém quem sabe não seja o momento de dar o passo adiante? Não terá chegado a hora mudar concepções e formatos em favor de uma lusofonia em maior consonância com o novo momento? Seja qual for a resposta de cada, creio que a discussão merece cuidado, mais ainda, atenção.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

No tempo em que lealdade e honestidade não tinham medida...

No micronacionalismo tudo parece, por vezes, se tornar mais mecânico do que se imagina. Mesmo quando ocorrem aquelas discussões mais acaloradas, onde a impressão que se tem é que se um pudesse, enforcaria o outro com o cabo do mouse, ainda assim há qualquer coisa que nos escapa neste inebriante, mas as vezes também alienante, hobbie.

A prática micronacional envolve elementos formacionais de grande importância, e é capaz de agregar novos e interessantes conhecimentos ao micronacionalista. Eis a parte boa. Porém, o que acontece quando mecanizamos todo o processo, pretensamente seguros pela anonimidade quase cínica da Internet? Nesse momento, caro leitor, é que entramos num tipo de limbo que cresce nas entranhas desse hobbie há tempos: a deslealdade.

Veja, não vamos nem muito ao céu, nem muito ao inferno, apenas ao ponto que nos permita fazer uma crítica minimamente razoável a algumas debilidades do hobbie. Nesse sentido, imagine o quão complicada é a construção de sentimentos como lealdade e confiança entre pessoas que estão interligadas por centenas de milhares de quilômetros de cabos, mas sem nunca terem acesso ao famoso "olho no olho". É mais fácil trair quando não se sabe, ao certo, a quem. Mais ainda, é muito mais "inconsequente" enganar o que não se vê.

Assim, o elemento primordial pelo qual se dá a prática micronacional hoje, a Internet, ao tempo que aproxima pessoas milhares de quilômetros distante, também transforma uma enganosa anonimidade em um veneno que a ninguém serve. Ao contrário, envenena a vítima e o, por assim dizer, agressor.

Pense quantas vezes você ouviu coisas do tipo: "-Ah, fulano é honesto demais!"? Ora, será que honestidade e lealdade possuem níveis? Não serão afinal conceitos absolutos. Podemos dizer sem medo que não se pode medir um valor como honestidade ou lealdade. Ninguém é mais ou menos honesto, ou se é, ou não. O que varia é o conceito de moral e ética, os quais amplamente discutidos pela filosofia por exemplo.

Assim, caro leitor, nos cabe hoje, neste ambiente virtualmente cada vez mais interacionista, discutir o micronacionalismo não do ponto de vista de uma coleção infindável de leis, tratados e articulações políticas. É preciso que recoloquemos este hobbie ao patamar que lhe é natural pelo óbvio ululante, ou seja, como uma prática de interação social sofisticada, onde você não está falando com uma máquina, mas com outra pessoa, distante quilômetros de você, mas com medos, alegrias, tristezas e esperanças como as suas.

Há muito mais coisas que nos aproximam, do que coisas que nos separam, basta apenas parar e pensar calmamente para perceber isso. Portanto, micronacionalista, trate a seu colega como outro ser humano, faça dele um aliado pela semelhança mais do que um inimigo pela inabilidade em tratar a diferença. Já dizia Blaise Pascal (1623 - 1662) que "O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende". Então se permita conhecer e si e ao outro. Acreditem, com um pouco de boa vontade, espírito racional e humanidade, a lusofonia sairá das fraudas para uma ampla e saudável maturidade.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Família Peregrina