quinta-feira, 23 de abril de 2020

Liderar é inspirar!

      Um líder não bate-boca, não se expõe à barbárie e nem usa de seu tempo, de sua palavra, para ridicularizar quem quer que seja. Um líder, lidera. Nesse sentido, liderar está pari passu a inspirar, a elevar o espírito da cidadania a atos em prol da Nação que, até então, ela não julgava possível. O líder faz do impossível seu desafio.

      Dito isso, é preciso voltar à essa discussão no plano micronacional. Isso posto, é preciso destacar que, por vezes, e infelizmente repetidas vezes, chefes de Estado ou de Governo já se expuseram ao espaço do ridículo, já dedicaram tempo e verbo à ridicularização do outro, já compraram intempestivamente à provocações de toda ordem e, alguns, vexatoriamente, até mesmo já usaram de baixo calão e de linguagem indigna à posição que ocupavam. É preciso parar.

      Não é possível inspirar quem quer que seja, especialmente a uma Nação, com a baixeza, exceto, claro, se esta não for mais do que uma torpe camarilha, mas aí já não atenderíamos mais ao objeto desta publicação, o micronacionalismo. Assim, é preciso colocar sob a luz da crítica aqueles que não lideram, mas chefiam, tal qual a uma quadrilha.

     O micronacionalismo, infelizmente, já foi palco de toda infelicidade de selvageria, verdadeiros silvícolas a rogarem para si o direito a Coroas ou cadeiras presidenciais sem que, em algum momento, as honrassem. Como pode, afinal, alguém liderar a um país se não é capaz de liderar às suas próprias paixões?

     Uma vez Rei, Imperador ou Presidente, perde-se o direito ao comum, ao trivial. Uma vez em qualquer destas funções, o indivíduo não se vê mais como aquele que deve ser servido - aliás, erro comum - mas como aquele cuja função de vida torna-se servir. Claro que não se trata de se colocar em subserviência, afinal, humildade inspira, enquanto que a prostração, expira. Deus serve aos homens sem jamais ser servo dos homens. Assim, o líder serve à nação, sem desta ser servo, pois a ela deve inspirar.

     Dessa forma, e ainda que de modo talvez espontâneo demais ao ponto da desarticulação, atrevo-me a provocar no sentido de que, no micronacionalismo lusófono, a inspiração à cidadania anda em baixa, e penso que seja porque a hipótese da liderança foi solapada, em muitos casos, pela realidade da torpe tirania. Se humilhar, ridicularizar ou execrar é, para você, fonte de inspiração, então sinto informar que você lançou-se às teias nefastas da selvageria.

     Ninguém pode ser Rei porque achou que merecia sê-lo - no mais das vezes, o título é um fardo -, da mesma forma que ninguém é presidente porque o povo o viu como a suprema panaceia. Se está investido de alguma dessas autoridades tem consigo um peso enorme a carregar, o da esperança, e esta não se fará real, e nem satisfará aos seus enquanto o objetivo seu, for apenas o poder ou o espírito auto laudatório.

     Liderar não é um prêmio, não é o espaço para oprimir e nem, tampouco, é a chancela de que você está sempre certo. Liderar é um peso a ser carregado pelo amor à Nação e àqueles que, de você, esperam direção, e não lacração.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina