terça-feira, 7 de julho de 2009

A construção da Majestade

O micronacionalismo lusófono tem, na micromonarquia, sua forma de governo mais comum. Entretanto, nem sempre é clara a distinção entre portar a coroa e agir com majestade. Não é, pois, um decreto, um ato oficial ou a mera visão do trono que faz o rei/rainha, mas sim, o modo segundo o qual usa o poder que o cetro lhe confere.

O Rei é um produto social, é construído, assim como a própria noção de monarquia, de um único soberano que representa o conjunto da Nação e a chefia do Estado. Assim, mesmo no micromundo, a majestade é um processo lento de construção. Como um bom vinho tinto, o Rei deve ser capaz de ganhar o devido corpo moral, de consolidar a própria autoridade apenas na força de seu nome. A autoridade do monarca não surgirá a partir do mero exercício do poder, mas sim, da altivez com que o exerce.

Não é permitido ao Rei a paixão em suas ações, mas a razão, dela depende o bom andamento do Estado. Portanto, não cabe ao monarca abandonar a dignidade do trono e envolver-se em qualquer discussão que possa dilapidar Sua Majestade. Também vale lembrar que é a Majestade fonte do poder e não este daquela. O soberano que porta a Coroa não pode usá-la no seu próprio interesse, mas no mais alto objetivo do Estado-Nacional a que representa.

Ao contrário do que se possa imaginar, pelos tantos equívocos realizados em nome do trono, o monarca deve ser o primeiro a estar disposto a anular suas vontades em função daquilo que seus leais súditos desejam. A Majestade se eleva no ato supremo do altruísmo do monarca para com seu país.

São igualmente fracos, igualmente vulneráveis, os reis que amam o poder ou que o temem. O poder deve ser entendido de forma pragmática e objetiva. O apego do monarca para com ele deve ser meramente casual, apenas na hora em que o Estado-Nacional dele necessita. Como dizia o grande Napoleão Bonaparte: "Ou dou uma ordem, ou fico quieto", da mesma forma que, ainda segundo o imperador dos franceses, sobre a real natureza: "O trono é um pedaço de madeira coberto de veludo".

Portanto, a Majestade, como sentimento de ação, como representação de um poder consciente de si e de suas inegociáveis responsabilidades, deve ser construída sobre o sagrado altar da altivez das ações. Um Rei não discute, se pronuncia. Um Príncipe não acha, decide. Um monarca não se leva pela paixão, se orienta, antes, pela razão e pela qualidade da ponderância.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Casa Peregrina