segunda-feira, 28 de junho de 2010

Profissionalismo, sim! Excessos, jamais!

Considerando o grande número de micronacionalistas que, macronacionalmente, dedicam-se às atividades voltadas ao direito e a administração, parece ser uma marca eminentemente lusófona um inchaço no tocante a produção de leis e códigos administrativos. Tal fato, evidentemente, não está dissociado da busca pelo profissionalismo mas, ao contrário, profundamente ligado a ela. Porém, vale questionar até que ponto tais ações trabalham a favor da prática micronacional.

Não foram poucos os Estados micronacionais que, na ânsia de buscar o profissionalismo de suas ações, literalmente impuseram um tipo de burocracia característica do mundo macro ao micro. Terrível engano. Embora seja extremamente positiva a busca por uma maior profissionalização das práticas micronacionais, tirando-as enfim da adolescência pueril e levando-as a uma adulta consciência, não podemos esquecer que, embora possamos discutir a idéia de “simulação”, as dinâmicas micronacionais são bastante próprias, de modo que nem todas as regras do mundo macro se aplicam a um Estado Micronacional.

Nesse sentido, embora seja tentadora a produção de leis enormes versando sobre todos os pontos da vida oficial e civil, não podemos esquecer que tais “vidas” se realizam de modo bastante  próprio no ambiente micronacional. Não só pelo número infinitamente menor de súditos ou cidadãos de uma micronação em relação a uma macronação, mas também pelo ambiente digital elevar a velocidade das práticas sociais a algo de longe maior que no mundo macro, não podemos simplesmente realizar a transposição do Estado Macro ao Estado Micronacional.

Dessa forma, a busca pela profissionalização do hobbie, embora válida e, cremos, necessária, deve passar por uma consciente filtragem sobre o que podemos manter da realidade macro e o que, categoricamente, devemos excluir do mundo micronacional. É preciso o entendimento que a burocracia micronacional deve primar muito mais pelo pragmatismo que pelo prolixismo. De nada adianta uma lei de 100 artigos se a cidadania mal conhece o primeiro. Trata-se de desperdício criativo.

Assim, devemos observar o exercício da necessária burocracia estatal micronacional sob um novo olhar, marcadamente objetivo que faça dos textos legais e dos códigos administrativos elementos inteligentes, construídos de maneira imersa à realidade de uma micronação. Excessos não são bem vindos, a medida que, ao invés de favorecerem o Estado, funcionam como verdadeiras catracas, travando o desenvolvimento do Estado e da Nação levando, em casos extremos e não raros, ao fim de um país. Vale a regra de ouro que, no final das contas “menos é mais”.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Famílias Peregrina.

FOLHA PEREGRINA – HÁ UM ANO DISCUTINDO O MICRONACIONALISMO