domingo, 6 de dezembro de 2009

Diplomacia feita a tapas…

Diplomacia. O dicionário define como "ciência das relações exteriores ou negócios estrangeiros de Estados". Porém, será que assim o é no micronacionalismo lusófono. Será de fato que as relações intermicronacionais se dão de modo a fazer jus a uma ciência, com um método bem definido e diretrizes seguidas seriamente?

Creio que podemos refutar, sem resvalar em excessos, que a diplomacia, no micronacionalismo lusófono se dá "a tapas". Não foram uma ou duas vezes apenas em que assistimos, por exemplo, a querelas pessoais degringolarem em assuntos de Estado, numa clara confusão do interesse público e privado. Embora o Estado seja uma criação humana ele, em si, não é humano, não tem e nem pode ter sentimentos, funciona como uma máquina, com regras que devem ser estritamente seguidas. Assim, não cabe transformar a instituição estatal em vazante para dissabores de natureza pessoal.

Negócios de Estado devem ser tratados como tal, com pragmatismo e seriedade invioláveis. Pouco importa ao Estado se gostamos ou não deste ou daquele indivíduo. A máquina estatal só cabe saber no que esta ou aquela medida a tornará mais forte ou lhe cederá maior vantagem ou responsabilidade. Um Estado não pode, em hipótese alguma, permanecer refém da inconstância emotiva de um ser humano, sob pena de fragilizar toda a máquina e, por conseguinte, o próprio corpo da Nação. Sim, isso parece duro demais, porém devemos insistir: "O Estado é feito por humanos, porém não é outro ser humano".

Partindo do pressuposto de que ciência envolve método e um estudo profundo, a diplomacia também não pode ficar a mercê de oscilações de humor ou de personalismos, ela está além disso. Agir diplomaticamente significa, antes, estar sob o império da razão. Logo, o que tem sido feito no micronacionalismo, ao longo de anos, transformando antipatias em crises intermicronacionais, assinando tratados como se enviássemos um cartão de natal é realmente temerário. Há que se repensar tais atitudes.

Hoje a lusofonia vive uma quase nulidade de relações intermicronacionais, talvez por que tenhamos perdido algo no caminho - e que precisamos recuperar -, ou talvez por que banalizamos a diplomacia, tornando-a algo severamente inferior quando, na realidade, ela é uma quintessência do micronacionalismo. Já é hora de abandonarmos nossa adolescência micronacional e partirmos a algo maior, algo que prime por relações sérias, bem discutidas e acima do indivíduo o qual, jamais, deve estar acima do conjunto da Nação.

Diplomacia não se fará, com sucesso, a tapas, nem tampouco com acordos de amizade que não dizem a que vieram nem para onde vão, caindo no vazio dos arquivos micronacionais. O exercício diplomático clama, urge por profissionalismo, por seriedade e, acima de tudo, por impessoalidade, pela distinção clara entre o que é público e o que é privado. Eis aqui nosso desafio: o desenvolvimento de uma real política diplomática entre as nações.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Família Peregrina