terça-feira, 19 de julho de 2011

Micronacionalismo e Microcomunidade: semelhanças e diferenças

Um dos maiores equívocos que podemos elencar no micronacionalismo, talvez seja a confusão que se faz entre o que é uma micronação e o que é uma microcomunidade. Enfim, não foram poucas as nações virtuais que proclamaram sua independência quando na realidade eram apenas microcomunidades, uma reunião de amigos tratando de tudo, menos questões típicas de um Estado Nacional.

Vamos entender a diferença: numa micronação há o elemento Estado, o qual tem uma razão e funcionamento próprio que depende de um mínimo de oficialidade, que encerra pois um conjunto de procedimentos de ordem legal e que deve ser seguido. Já uma microcomunidade seria algo próximo de um simples grupo do Orkut - e nesse ínterim, não incluímos micronações orkutianas, as quais possuem a instituição do Estado -, enfim, um grupo organizado ou não de amigos, contatos profissionais ou correlatos que discutem todo tipo de amenidade.

Definido, bem grosso modo, é verdade, cada idéia, cabe agora destacar as semelhanças entre ambos. Pois bem, consideremos que uma Micronação possui então um Estado que a representa e governa, porém, no sentido mais amplo, a Nação é também um conjunto social que se reconhece, logo, há aqui incluído também o conceito de microcomunidade. Nâo há como existir uma micronação, de fato, sem uma microcomunidade que nela se reconheça, ou ainda, que reconheça o Estado que a representa.

Assim, a relação que se estabelece entre micronação e microcomunidade é, sob esta análise, tão fundamental quanto a existência de um Estado num país virtual. Se trata de um binômio que não pode ser violado, sob pena de que o micropaís se torne mero cartório, cheio de atos oficialescos, ou um mero bate-papo, acéfalo e sem direção.

Porém, as diferenças que se colocam entre os dois conceitos, micronação e microcomunidade, é que são responsáveis por grandes enganos no micronacionalismo lusófono. Imaginem uma micronação que não dá espaço para um pouco de informalidade, onde as pessoas não conversam, não trocam idéias, apenas publicam ofícios e mais ofícios, leis e mais leis, enfim, um mero depósito de oficialidade. Num tal cenário inexiste uma micronação, pois assim como no macromundo, num país, para além dos atos oficiais existe a vida civil e ela precisa ser garantida.

De outra via, imaginemos a situação de uma micronação onde tudo o que ocorre são amenidades, onde os membros do Estado não usam dos corretos pronomes de tratamento. Enfim, seria como se não mais existisse a autoridade do Estado, a qual pela lisura deve ser impessoal. Viveríamos, em tal situação, num império da pessoalidade, mais ainda, personalista. Não haveria mais a separação de fato entre o que é público e o que é privado, inexistiria aqui a Nação, subsistindo apenas a comunidade e no caso mais grave, o egoísmo.

Enfim, se o binômio micronação-microcomunidade é vedadeiro e inquebrantável, também é verdade que o império de um ou de outro é tão danoso quanto qualquer outro mal que possa afligir a prática micronacional. Não podemos nos dar ao luxo de resvalar seja no excesso de oficialidade, seja no exagero da informalidade. É preciso temperança, equilíbrio e segurança tanto para um, quanto para outro, para que ambas as situações coexistam em harmonia, sem abalar a Nação mas antes, fortalecê-la.

A idéia final: EQUILÍBRIO. Ou como no ditado popular "nem muito ao céu, nem muito ao inferno".

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina