sábado, 9 de setembro de 2017

"Eu sei! Você é que não sabe! " O que nos trouxe até aqui

É preciso destacar o termo eloquência nunca pode ser confundido com grosseria, seja qual for a razão. Tampouco podemos acreditar, em sã consciência, que declarações vexatórias ou que vociferam de alguma forma algo a alguém ou algum projeto, podem ser colocadas no mesmo plano da crítica, a qual inclusive, pode se tratar de nobre profissão.

A crítica micronacional, não raro, é formada apenas por ofensas, puras e simples, ataques à honra ou à dignidade da pessoa, mas jamais crítica. Como bloco micronacional, especialmente considerando que graças às redes (anti)sociais odiar se tornou simples, gratuito e viral, temos sido os perpetradores e as primeiras vítimas desse comportamento.

Reclamamos que não surgem novos quadros habilitados, mentes capazes de compor algo novo e bom na lusofonia, mas qual nossa responsabilidade? Acho que a esse respeito posso sugerir uma hipótese: nossa deselegância extrema. E digo isso pelo menos ancorado na observação verdadeiramente empírica. Trabalhando com uma faixa etária entre 15 e 20 anos, ao apresentar para algumas mentes verdadeiramente brilhantes - e não pedantes - o hobbie, todos se mostraram uníssonos no desânimo a participar de algo onde, em grupos intermicronacionais, ocorre toda sorte de ofensas, a honra, a sexualidade, a etnia, religião, e tudo o mais.

Confesso que diante da afirmação daqueles jovens, não tive muito como contra-argumentar haja vista que se hoje, com 36 anos de idade, eu fosse convidado a participar do micronacionalismo possivelmente não aceitaria pelas mesmas razões. Afinal, que tipo terrível de pessoa possui na execração pública do seu comum, um hobbie?

Sim, é preciso saber ouvir a críticas e a refletir sobre elas, muito, mas em nenhum momento é preciso, ou mesmo justo, aceitar a todo o tipo de ofensas. Logo, como reclamar que novos quadros não aportam no micronacionalismo se quando pensam em fazê-lo tratamos logo de espantá-los com nossa grosseria e nosso pedantismo atroz?

Umberto Eco já afirmava que "o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade", e desgraçadamente isso não poderia ser mais duramente real do que no ambiente micronacional. Pessoas macronacionalmente frustradas com suas próprias vidas, profissão, etc, aportam no ambiente micronacional como tábua de salvação para soltar seus ódios, arrogância tacanha ou pseudointelectualidade.

Há quase 16 anos no hobbie, minha tristeza reside no fato de que se hoje estamos muito menos ativos, muito menos brilhantes, não é porque a internet se democratizou, é porque nos mostramos proverbiais desagregadores, arrogantes profissionais. Se qualquer professor partir do pressuposto de que seu aluno deve conhecer isto ou aquilo de antemão, ele não é um professor, é apenas mais um profeta da ignorância.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina