domingo, 28 de julho de 2013

“Nem tudo o que reluz é ouro”, diz o ditado…e quase sempre, não é!

Quem não gosta do ego afagado? Sim! Não sejamos hipócritas! Gostamos mais quando concordam conosco, do que quando discordam, porém cuidado com adulações. É preciso ser honesto consigo para sentir se aquele elogio rasgado é ou não autêntico, se é merecido ou apenas carregado de intenções, segundas intenções.

No micronacionalismo, o anonimato conferido pelo ambiente virtual da Internet, a ausência do tête-à-tête, favorece e muito todo tipo de cinismo, todo tipo de intenção vil. É mais simples apunhalar o que não se vê, é mais fácil parecer bom quando nosso interlocutor não é capaz de nos ver, de perceber nossa linguagem corporal, nossas reais intenções.

Mas a esta altura você deve estar se perguntando: qual a intenção dessa publicação da Folha Peregrina? Espalhar o medo e a desconfiança? Não! Muito pelo contrário, o objetivo aqui é o de provocar o que há de ruim para enfim enaltecer o que há de bom.

Há mais de uma década percebo, na prática micronacional, um sentimento de sincera corrupção. Como a corrupção pode ser sincera? Simples! Quando corrupto e corruptor, ambos, julgam sinceramente que aquilo que fazem, é por um “bem maior”, quando julgam de fato que estão certos, apesar de seus métodos serem dignos a ensinar noções de pragmatismo ao Príncipe.

Na prática micronacional, especialmente chefes de Estado e Governo estão perigosamente sujeitos a adulação vã, a elogios rasgados mas sem base. Afinal, como é possível elogiar ou mesmo ofender, sinceramente, alguém que não conhecemos? Reside aí um paradoxo.

Acredito que há o bom e o bonzinho. O primeiro é dono de integridade, caráter, corágem e altivez. O segundo é aquele que lhe cumprimenta com uma mão (cocofonia maldita!) na esperança de apunhalá-lo com a outra. É o famoso mau caráter, aquele que relativiza conceitos para mim absolutos, como honestidade e honradez.

Enfim, caro leitor, não se abale, mas esteja atento. Às vezes, aquele conjunto até constrangedor de singelos e rasgados elogios esconde presas que afugentariam até um tigre siberiano, enquanto que uma boa crítica pode sim, ser o espaço de excelência para a reinvenção, para o crescimento, para o amadurecimento.

Vitor Hugo, muito apropriadamente em seu poema Desejo, escreveu:

"E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro".

Mas eu, modestamente, e de forma bem menos lírica que o poeta, apenas desejo a você, leitor, o seguinte: esteja atento! Pois nem tudo o que reluz é ouro e, quase sempre, não o é.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

terça-feira, 14 de maio de 2013

Quando Excelência, era mais que pronome de tratamento…

Excelência não pode ser apenas uma palavra. Não se trata apenas de um discurso, mas de uma prática constante, militante e irretocável de compromisso, disciplina e bom gosto para com suas ações. Excelência é um valor que não se compra, não se vende, sequer se empresta, pois é algo tão pessoal, tão elementar a cada um, que beira à unicidade.

No micronacionalismo, excelência tem se transformado em “verdura de quitanda” e não por que seja comum encontrá-la, bem ao contrário, mas por que simplesmente foi vulgarizada. Fala-se muito em qualidade micronacional quando nem ao menos se vê quantidade, o que dirá então da primeira.  Chega à ser desesperadoramente risível o modo vexatório com que este fantástico hobbie tem sido tratado.

São decretos escritos, como se diz em minha terra, “no joelho”, sem qualquer nexo ou cuidado. Tratados que mais parecem ter sido rascunhados, ou melhor, publicados em guardanapo de lanchonete de esquina. Mensagens que de tão atravessadas, de tão mal escritas nos deixam na duvida sobre se devemos tentar ajudar ou se é caso perdido. Enfim, chega um momento, olhando o atual estado de coisas, que até a ignorância – mal passível de solução – acaba se tornando intolerável, pois ela teria atingido níveis insondáveis.

Sim, caros leitores, fica difícil falar em excelência num ambiente tão hostil a ela, chega à ser, na realidade, praticamente um paradoxo. O micronacionalismo tem sido transformado numa mina de ouro em que para cada pepita verdadeira que se encontra, acha-se todo um veio de ouro de tolo, cujo brilho aparente esconde sua vulgaridade intrínseca. Mas calma, não sou de todo apocalíptico. No fundo, no fundo, mas bem no fundo, lá nas reminescências do ser, ainda encontro esperança, afinal, ela é a última que morre, aquela que restou na caixa de Pandora.

Mas por favor, alguém feche essa caixa antes que até a esperança se vá e fiquemos, todos, indefesos no vazio da falta de profissionalismo, de liderança, de comprometimento e, ops…de excelência, nossa mais conhecida e hoje saudosa amiga.

É fogo, meus amigos, é realmente complicado. Chegamos ao ponto em que Excelência, antes um valor micronacional, virou apenas e tão somente, pronome de tratamento. Mas tudo bem, pensemos assim: dias melhores virão, afinal, é isso que nos move.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

domingo, 7 de abril de 2013

No tempo em que tenaz, não era apenas uma marca de cola…

A lusofonia é realmente um universo paralelo, para bem ou para o mal. Ela contém todo tipo de excentricidade, de fato nosso grupo micronacional é surpreendente. Longe de ser previsível, portanto, cada novo dia é uma nova surpresa e a cada nova surpresa um novo efêmero paradigma. Efêmero? Sim, pois nada muda tão rápido quanto muda nessa nossa vã lusofonia. Mas calma, não estou sendo apocalíptico, apenas provocativo.

Vejo nações surgirem e desaparecerem – e foram muitas, realmente, nos últimos 11 anos –, vi súditos e cidadãos de várias nações jurando lealdade num dia, e arrumando as malas no outro, vi golpes, traições, guerras, paples, tratados de toda sorte – alguns duraram dias, outros meses, poucos anos e muitos simplesmente não duraram. Enfim, o missal que podería discorrer sobre a efemeridade da prática micronacional lusófona, poderia render um bom enredo para um cruzamento de novela mexicana com vale à pena ver de novo.

Ok, comecei venenoso e irônico essa crônica, mas convenhamos, chega um momento em que é preciso colocar o dedo na ferida e mais, apertá-la. Digo isso por que em certo aspecto percebo com perturbadora clareza que a lusofonia vive o momento atual, de um quase “auto ostracismo” por uma ação própria, ou melhor, uma inação. Padecemos de compromisso, de entusiasmo e tenacidade. Pense quantos projetos surgiram em sua Nação, prometendo mundos e fundos e no entando, por falta de engajamento, caíram no mais soturno esquecimento.

Gosto muito da palavra entusiasmo, pois sua origem está em algo como “possessão divina”, ou seja, diz-se que alguém tem entusiasmo como se tal indivíduo tivesse, dentro de si, uma centelha ds deuses. Talvez nos falte essa chama, essa consciência de que não somos apenas criaturas, mas também criadores, pequenos deuses mortais que entre erros e acertos são capazes das maiores ignonímias e das maiores maravilhas num exercício diário e magnífico de um sagrado livre-arbítrio.

Então, como podemos desistir tão fácil de nossos projetos micronacionais? Seria talvez por que no ambiente virtual não precisamos, ao abandonar algo, enfrentar aqueles olhares reprovatórios? Afinal, como se diz, “o que os olhos não veem, o coração não sente”, não é mesmo? Ou será porque desde o princípio é falso nosso comprometimento e chamamos este ou aquele de “amigo” porque é conveniente, muito mais do que sincero?

Seja como for, se no micronacionalismo nos é abundante a retórica, muitas vezes insuportavelmente verborrágica, nos é ausente a tenacidade. Nos falta ainda aquela fibra, aquele valor, aquele entusiasmo. Um dia, ser tenaz significava ficar e lutar, enfrentar nossos fantasmas por que nossos sonhos e projetos estavam acima de seus perigos, éramos navegadores de um vasto e tenebroso oceano que, teimosamente, enfrentavamos tempestade após tempestade pela simples crença de que valia à pena. Hoje, infelizmente, parecemos ter chegado ao ponto de que Tenaz, enfim, virou apenas marca de cola, apenas uma referência a um material escolar.

Ah essa admirável lusofonia nova…

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Quando gentileza era um valor…

Gentileza, gera gentileza, diz o ditado. Tempos atrás, quando em visita ao Rio de Janeiro, me dei conta desta mensagem ao ver a obra do famoso, e já falecido, “Gentileza”, um senhor que criou, em alguns viadutos da cidade maravilhosa, uma arte bastante peculiar. Quando penso sobre a frase com a qual iniciei este texto, é difícil não lembrar do quão distantes estamos, da real gentileza, no micronacionalismo lusófono.

É claro que o embate é salutar na prática micronacional, aliás diria que ele é vital. Porém, não raro, aliás, parece ser regra, há uma confusão entre combatividade e grosseria. É possível ser positivamente combativo sem abandonar a educação e os bons modos para com o interlocutor. A argumentação racional tem sido solapada, no mais das vezes, pelo esculacho verborrágico.

O micronacionalismo lusófono é, exatamente, aquilo sobre que ele se construiu e qualquer tentativa em negar isso seria hipocrisia ou a mais completa alienação. Sim, nós temos errado e feio na prática micronacional. Perdemos o valor do bom debate, do duelo intelectual, em favor de falso academicismo ou mesmo da mais risível pornochanchada.

Perdemos tempo demais discutindo o “sexo dos anjos” e gastamos tempo de manos – ou mesmo, nenhum – trabalhando para recuperar o antigo brilho micronacional lusófono. Micromonarquias atacam microrrepublicas descaracterizando-as como nações sérias. Microrrepúblicas atacam micromonarquias acusando-as de pomposas, oligárquicas e autoritárias. E o mais tragicômico disso? R: Há micromonarquias que simplesmente nem mesmo se levam à sério, e há repúblicas que são mais oligárquicas do que as mais fechadas monarquias. Ou seja, apenas o velho e conhecido “papo furado”.

Sim, caro leitor, se gastássemos nós, micronacionalistas lusófonos, mais tempo agindo com respeito mútuo e racionalidade, colocando a prática micronacional em uma discussão madura, estaríamos a realizar obras que, não tenho dúvidas, trariam brilho a esta atividade que, um dia, foi realmente um centro nervoso para a formação de ideias que, inclusive, bem poderiam ser aplicadas ao macromundo.

A lusofonia tem perdido uma batalha contra si e se o faz é por que simplesmente parece ter perdido o bom traquejo social. Perdeu as rédeas sobre o próprio destino pois abandonou a gentileza, o valor da boa educação, da argumentação racional e limpa em favor do que há de pior. Micromonarquias ou Microrrepúblicas, o fato é que precisamos restaurar nossa antiga nobreza, não nobiliarquia, mas nobreza no sentido mais alto da palavra, a nobreza que existe naquele que tolera, naquele que respeita, naquele que pensa e só após, age.

Gentileza, lusofonia…gentileza….

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina