segunda-feira, 16 de abril de 2018

Um post dedicado aos novos micronacionalistas da lusofonia

Quando minha geração de micronacionalistas passou a fazer parte deste fantástico hobbie, não tínhamos às nossas mãos as redes sociais, aliás, nem sequer o YouTube tínhamos. Nossos sites, se não pagos, eram hospedados em serviços que, hoje, nem mais existem como CJB.NET, HPG, Geocities e outros. Ainda usávamos chats ancorados no sistema mIRC e a maior parte de nossas comunicações ainda eram realizadas em listas de e-mail, especialmente do Yahoo Grupos. Muita coisa mudou de lá para cá.

Entretanto, ainda que como qualquer novato, quando entramos, nos sentíamos sim de algum modo perdidos, sinto que tínhamos, pelo menos, o ímpeto de aprender. Aliás, essa foi sempre uma das belezas do hobbie: o processo de descoberta e a postura quase autodidata do micronacionalista. Aprendíamos a fazer websites, a mexer em códigos PHP, ASP e HTML, quase sempre, na tentativa e erro.  Eram tempos verdadeiramente diferentes.

Contudo, sempre existiram aqueles "aventureiros" que tentavam criar o "Reino Disso", "Reino Daquilo" e a "República de Acolá", projetos que, não raro, já nasciam mortos, pois não traziam nada de novo e não tinham substância que os definisse senão o erro de julgamento de quem entendia o micronacionalismo, unicamente, como uma chance de ser Rei.

Isso posto, jovem micronacionalista, imagino que às vezes se sinta acoado com a antipatia ou mesmo ojeriza de tantos antigos contra projetos novos. Às vezes, é verdade, pode ser um pouco do mau humor da idade mas, na maior parte dos casos é a indignação daqueles que amam o hobbie já há mais de década e que não querem que tal prática se perca.

Assim, se você é novo na prática micronacional, dê uma chance ao hobbie e a você. Resista a tentação de criar, de cara, uma nova Nação - eu sei que você pode criticar tal postura destacando que muitos que hoje são tradicionais, chegaram e já fundaram suas nações, porém lhe digo: eram tempos profundamente diferentes, profundamente.

Por que esse afã de ser Rei, logo de entrada? Por que essa caça desenfreada e, desculpe, até narcisista por títulos ou por integrar esta ou aquela família? A maior parte dos grandes micronacionalistas que conheço não são Reis e nem pertencem, necessariamente, a esta ou aquela família. São homens e mulheres que se notabilizaram pela originalidade do que ofereceram ao hobbie.

Enfim, não levem à mal esse conselho mas, sério: não fundem novas micronações, unam-se a alguma já consolidada - e nem venha com aquele papo de que nenhuma lhe agrada, pois certamente em alguma você pode encontrar o seu espaço para crescer, brilhar e deixar uma marca verdadeiramente indelével na tradição lusófona. Não precisamos de novas micronações, mas precisamos urgentemente de novos, criativos e, sobretudo, autônomos micronacionalistas. Precisamos de pessoas que não esperem tudo pronto, mas que busquem aprender, crescer e fazer crescer.

Repito: não precisamos de novas micronações, precisamos de novos micronacionalistas. A própria continuidade do hobbie depende disso, logo, abandone o impulso e até a arrogância de sempre querer ser o rei, presidente, imperador, etc e seja alguém a somar. O prazer do micronacionalismo não é o "Eu" sozinho mas, antes, é o espírito de comunidade e de pertencimento sincero a um projeto maior que você.

att

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

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