sábado, 24 de outubro de 2009

Micronacionalismo e RPG

Quantos micronacionalistas, ao tentarem explicar a alguém o que é este  hobbie, jamais usaram comparações com os famosos RPG´s? Certamente a extensa  maioria, senão todos, usaram tal argumento. Creio que não se pode negar, de  todo, alguma semelhança entre ambos, entretanto longe de serem iguais eles  são, em essência, irreconciliávelmente diferentes. Enquanto que no RPG, você  joga, no micronacionalismo, você vive.

Talvez seja essa a essência básica da diferença entre ambos os hobbies. No  RPG, sobretudo por fazer uso de recursos imponderáveis, como dados, por  exemplo, o recurso da sorte é constante. Já no caso do micronacionalismo,  tal premissa não se mostra válida, haja vista que, organizado como uma  sociedade real no mundo virtual, o micromundo decorre de relações sociais  reais, com sua dinâmica caótica.

No RPG há, de certo modo, uma concepção teleológica, na qual todos os  personagens caminham para um ponto final, em que se dá a vitória ou a  derrota. Esse "telos", no micronacionalismo, simplesmente não existe, a  medida que, como experiência de vida social, nada é pré-determinado, nada  ocorre numa linha absolutamente retilínea, sem asperezas e irresistível. O  micronacionalismo é, por excelência, o espaço do imponderável, mas não no  sentido que se reserva à sorte, mas à própria experiência imprevisível de  viver.

Sim, podemos, no micromundo, usar de recursos virtualistas, como mapas  habitacionais, empresas aéreas e demais recursos imaginativos, entretanto  tais entes se configuram apenas como exercício de imaginação. O cerne da  práxis micronacional está, creio, nas relações sociais que se estabelecem  entre os participantes deste hobbie. Micronacionalismo pode ser entendido,  antes de mais nada, como um exercício social.

Assim, ao contrário do RPG, no micromundo vale ouro a capacidade retórica e de oratória, a habilidade no trato social e, claro, nossa intimidade com a discussão política e o exercício de diplomacia. Sim, eis o que, pessoalmente, considero como a quintessência do micronacionalismo: um exercício constante de inteligência, política e diplomacia. Dessa forma, o micronacionalista deve estar sempre disposto à discussão, à defesa tenaz de um ponto de vista e à formação de uma rede social que, independente da sorte de dados jogados em uma mesa, lhe possibilite a ascensão dentro da micronação. Como tudo o mais na vida macro, também no micro há que se reconhecer e recompensar o empenho deliberado e não a sorte imponderável.

Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina

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