Quem não gosta do ego afagado? Sim! Não sejamos hipócritas! Gostamos mais quando concordam conosco, do que quando discordam, porém cuidado com adulações. É preciso ser honesto consigo para sentir se aquele elogio rasgado é ou não autêntico, se é merecido ou apenas carregado de intenções, segundas intenções.
No micronacionalismo, o anonimato conferido pelo ambiente virtual da Internet, a ausência do tête-à-tête, favorece e muito todo tipo de cinismo, todo tipo de intenção vil. É mais simples apunhalar o que não se vê, é mais fácil parecer bom quando nosso interlocutor não é capaz de nos ver, de perceber nossa linguagem corporal, nossas reais intenções.
Mas a esta altura você deve estar se perguntando: qual a intenção dessa publicação da Folha Peregrina? Espalhar o medo e a desconfiança? Não! Muito pelo contrário, o objetivo aqui é o de provocar o que há de ruim para enfim enaltecer o que há de bom.
Há mais de uma década percebo, na prática micronacional, um sentimento de sincera corrupção. Como a corrupção pode ser sincera? Simples! Quando corrupto e corruptor, ambos, julgam sinceramente que aquilo que fazem, é por um “bem maior”, quando julgam de fato que estão certos, apesar de seus métodos serem dignos a ensinar noções de pragmatismo ao Príncipe.
Na prática micronacional, especialmente chefes de Estado e Governo estão perigosamente sujeitos a adulação vã, a elogios rasgados mas sem base. Afinal, como é possível elogiar ou mesmo ofender, sinceramente, alguém que não conhecemos? Reside aí um paradoxo.
Acredito que há o bom e o bonzinho. O primeiro é dono de integridade, caráter, corágem e altivez. O segundo é aquele que lhe cumprimenta com uma mão (cocofonia maldita!) na esperança de apunhalá-lo com a outra. É o famoso mau caráter, aquele que relativiza conceitos para mim absolutos, como honestidade e honradez.
Enfim, caro leitor, não se abale, mas esteja atento. Às vezes, aquele conjunto até constrangedor de singelos e rasgados elogios esconde presas que afugentariam até um tigre siberiano, enquanto que uma boa crítica pode sim, ser o espaço de excelência para a reinvenção, para o crescimento, para o amadurecimento.
Vitor Hugo, muito apropriadamente em seu poema Desejo, escreveu:
"E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro".
Mas eu, modestamente, e de forma bem menos lírica que o poeta, apenas desejo a você, leitor, o seguinte: esteja atento! Pois nem tudo o que reluz é ouro e, quase sempre, não o é.
Labrus Peregrinus
Patriarca da Dinastia Peregrina
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